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Depois de um filho mais velho que praticamente nasceu a falar impecavelmente, as palavras que o pequenino pronuncia mal - também não são muitas - são por mim registadas para a posteridade como se fossem jóias.
Por exemplo, ele gosta muito de frangoesas e acha que já sabe escrever em menoscrito. O basquetebol é um bocado esquisito porque é preciso passar o tempo todo a tribular.
Parece que vou voltar, 5 meses depois de ter abandonado aqui o estaminé, nem sei bem porquê.
Falta de vontade de pensar nas coisas, por um lado. O facebook a um clique de distância para contar as cenas cómicas, por outro. Eu, que nos primórdios desdenhava, agora gasto uma quantidade impensável de tempo com aquilo e ponho lá coisas que quase ultrapassam a fronteira entre o que é para contar e o que é só lá de casa. Chega a acontecer um dos miúdos fazer um comentário, nós rirmos muito e um deles perguntar ''vais pôr no facebook?''. Digo isto sem ponta de satisfação porque odeio a exposição despropositada ao estilo mil fotos dos meninos ou pezinho na borda da piscina nas férias e os comentários ao estilo ''lindona!'', ''gata!'' às fotos de perfil a fazer boquinhas que por lá abunda, mas há alturas em que a tentação é grande demais. Momentos como o que se segue.
- Ups, esqueci-me de ligar à avó a dizer que já cheguei..
- O quê, telefonas à avó sempre que chegas de Bragança?!
- Sim, a avó gosta que ligue a dizer que cheguei bem, sabes que os pais preocupam-se sempre com os filhos..
- A sério? Mesmo quando os filhos têm quase 50 anos?!
Tão fôfo.
Ora bem-vinda eu e bem-vindo quem mais por aqui andar.
Resolvi experimentar esta meditação com os meus filhos, na hora de adormecer. Até agora, duas noites. Como era de prever, as reacções divergiram: o António interrompe a cada linha para perguntar alguma coisa (mas vou enviar amor também para os ladrões?), o Vasco teve medo do tom que eu achava ser muito apropriado da minha voz. Um stress.
-------Meditação do amor para crianças------
Vamos enviar amor para nós próprios.
Vou amar-me a mim próprio.
Quero ser feliz.
Pensa:
Eu gosto de mim.
Que eu possa estar livre da raiva.
Que eu possa estar livre da tristeza.
Que eu possa estar livre da dor.
Que eu possa estar livre das dificuldades.
Que eu possa estar livre de todo o sofrimento.
Que eu possa ser saudável.
Que o meu corpo possa ser saudável e forte.
Que eu possa estar cheio de amor.
Que eu possa ser feliz.
Que eu possa ser mesmo feliz.
Que eu possa estar em paz.
Agora espalho este amor.
Envio amor para a mamã e o papá.
Que a mamã e o papá possam estar livres de dificuldades.
Que eles possam estar livres da dor e da tristeza.
Que eles possam estar livres do apego, livres da raiva e da má-vontade.
Que a mamã e o papá possam estar livres de todo o sofrimento.
Que a mamã e o papá sejam saudáveis e felizes.
Completamente saudáveis e felizes.
Que eles possam estar em paz.
Agora envio amor ao meu irmão.
Que ele possa estar livre da tristeza.
Que ele possa estar livre da raiva.
Que ele possa estar livre da doença.
Que ele possa estar livre de todo o sofrimento.
Que ele seja livre e feliz.
Livre do sofrimento, livre das dificuldades.
Que ele seja feliz e saudável.
Que o meu irmão esteja em paz.
Agora envio amor aos meus professores e aos meus amigos.
Que eles possam estar livres da dor e do sofrimento.
Que eles possam estar livres da raiva e dificuldades.
Que eles possam ser felizes.
Que eles possam estar em paz.
Agora envio amor a todas as pessoas do planeta.
Que todos os seres do planeta possam estar livres do sofrimento.
Que eles possam estar livres da dor, angústia e desespero.
Que eles possam ser felizes, verdadeiramente felizes.
Que eles possam estar em paz.
Que todos os seres do Universo possam estar livres do sofrimento.
Que todos os seres, em todos os Universos, em todo o lado, possam estar livres do sofrimento.
Que eles possam ser felizes, mesmo felizes.
Que eles possam estar em paz.
Que todos os seres, de todos os tipos, em todo o lado, possam ser felizes e estar em paz.
Todos os tipos de seres, humanos e não humanos.
Todos os animais, plantas e outros seres.
Todos os seres e criaturas, sem excepção.
Que todos possam ser felizes.
Que todos possam estar em paz.
Eu abro o meu coração e em troca aceito o amor de cada ser e criatura.
Deixo esse amor entrar no meu coração.
E partilho os benefícios deste meditação com toda a gente.
Que todos os seres estejam bem e felizes.
Que todos os seres estejam bem e felizes.
Que todos os seres estejam bem e felizes.
Que todos os seres estejam em paz.
Que todos os seres estejam em paz.
Que todos os seres estejam em paz.
A vida social dos nossos filhos de 4 e 7 anos ser mais intensa que a nossa. Este fim-de-semana, três festas de anos de amigos da escola. Todas no mesmo sítio.
O fim de semana, como a generalidade dos nossos fins de semana, foi muito bom mas não rende nada para contar. Ou rende muito, depende da perspectiva. Para mim, um dia em casa, fechada no quarto e deitada na cama, pode dar imenso para contar e, felizmente, uma das minhas amigas maiores, pensa como eu. Acontece inúmeras vezes uma ligar à outra, comentar que não tem acontecido nada de especial e depois passou uma hora e estivemos o tempo todo a contar coisas que aconteceram e são fascinantes. Pois a coisa mais extraordinária que me aconteceu entre 6ª e domingo foi que o meu chefe, de quem tanto preciso e que está tão longe, não se importa de me dedicar um bocado, todas as semanas, via skype e que a coisa assim até resulta. Outra descoberta digna de registo foi a de que a Decathlon ao domingo tem mais gente que um estádio de futebol. Despertei para o facto de o carnaval estar à porta, não sei quando é mas sei que é este mês, e de eu ter de pôr as fatiotas dos meus filhos a marchar. Como as roupas de pinguim que pediram terão de envolver a mão da costureira e não me apetecia perder tempo em lojas durante a semana, arrastei-me para uma Decathlon à procura de coisas o mais baratas possível em polar branco, preto e laranja. Os critérios vinham mesmo por esta ordem, o mais importante era ser muito barato. Safei-me, arranjei calças e camisolas nas cores desejadas, só falta um gorro preto para cada um mas isso está a ser mais difícil. Claro, se eu andasse à procura de um gorro em polar, só ia haver pretos em cada loja onde entrasse porque preto seria a última cor que eu desejaria para qualquer dos habitantes lá de casa. Como é mesmo de dois gorros pretos que neste momento preciso, vejo-os de todas as cores menos preto, ainda para mais a preços deveras provocadores de fim de saldo. No sábado almoçámos com os meus pais, no domingo com a minha sogra, o que é bom. Não vi tios nem primos, o que é mau (muito mau). Chutei o meu marido para uma ida ao cinema no domingo à noite lembrando-o de que nas próximas 17 semanas essa possibilidade vai ser menos que uma miragem. Tanto no sábado como no domingo, o António acordou cedíssimo e foi sozinho preparar o seu pequeno-almoço e para a sala brincar sem acordar ninguém que é um passo à frente emocional gigantesco. Na verdade, no almoço de sábado foi tão elogiado pela sua iniciativa e independência que no domingo, quando acordou, me foi sussurrar à cama ''mãe, acordei mas não precisas de vir comigo, eu tomo o pequeno-almoço sozinho e vou brincar. vais contar à avó?''. No sábado à noite, na cama, o Vasco perguntou-me se ia crescer. Eu, didáctica, expliquei-lhe que sim, que ia crescer, ficar como o mano, depois como o Francisco, depois como os primos P. e J. e que um dia até ia ser como o papá e arranjar uma namorada (porquê?! porque é que fui meter esta colherada a despropósito?!). E ele, muito entusiasmado ''a sério? vou namorar contigo?''. Não Vasquinho, vais escolher outra namorada. E ele ''não quero! não gosto de namoradas, são chatas! vou dar-lhes chutos na cara!''. Mudei de assunto rapidamente.
E foi assim.
A gripe ou lá o que é, voltou. Desta feita com uma tosse das entranhas que faz doer o peito. Para empatar uma ida ao médico que me custe 4 horas de espera - no privado, entenda-se - a consulta foi pelo telefone. Estou a usar o Ventilan e o xarope dos meus filhos.
É sempre uma coisa boa pormo-nos na pele dos outros e, tal como naquela vez em que me obrigaram a provar o Brufene do António para me deixarem entrar num avião com o frasco, tenho pensado bastantes vezes
mas como é que os miúdos aguentam isto com tanta frequência e com tão bom-humor?
Já eu ... eu pareço uma esfregona, na disposição e no aspecto. Molhada. Das mais rascas.
Uns têm natação, outras têm catequese e dança. Mais uma festa de anos, um jantar aqui, um almoço acolá, é esquisito constatar que a disponibilidade dos adultos para marcar um encontro* é maior que a da miudagem.
Foge, no meu tempo não era assim!
* Isto sou eu a acreditar que quando o efeito do Brufen passar vou continuar a conseguir manter-me de pé.
Cena #1 (mãe e filho a sós)
- Vasco, o Carnaval está quase aí, de que é que gostavas de te mascarar?
- Polvo.
- OK, vou ver o que conseguimos fazer. Mas, para o caso de ser difícil fazer uma roupa de polvo, há alguma outra coisa de que gostasses? Outro bicho, uma profissão?
- Não, não, é mesmo polvo que eu quero, não há mais nada de que eu goste.
Cena #2 (mãe e os dois filhos)
- Meninos, vamos então acertar de vez as máscaras que gostavam de ter no Carnaval. O Vasco já disse que quer ser um polvo. E tu, António?
- (António ou Soldado)) Pinguim.
- OK, deve ser fácil. Fica combinado, Vasco, polvo e António, pinguim, certo?
- (António) Sim, sim!
- (Vasco ou Rico) Nããão, eu quero ser um pinguim, era isso que eu queria, não quero nada ser um polvo...
- (Mãe) Recorre aos princípios do mindfulness que tem andado a descobrir e consegue não dar um chuto no rabo do menino.
(Nota: eles viram várias vezes o filme dos Pinguins de Madagáscar, daí o forte ataque de polvite e pinguinite que os tem assolado.
Parece que não fui a única a ficar impressionada:
publicado por Maria do Rosário Pedreira
Infelizmente, não vai ser para mim, vou estar ocupada com andanças intelectualmente mais elevadas. Vai ser uma tarde jornalístico-literária, com reunião da redacção do jornal ''Trovão'', constituída pelos meus filhos e alguns primos, que vão reunir na cave da Avó Lelé (podia ser na sala mas a cave dá um ar mais bas-fond) e no fim apresentar o famigerado e há muito prometido nº 2 do pasquim. Pelo caminho, irão entrevistar a Ita, a pessoa mais velha da família, que está muito entusiasmada com a ideia. A intensiva tarde de trabalho é rematada com jantar patrocinado pelas mães mecenas. Com tamanho frenesim cultural, perder a sessão com o Pedro Mexia e o Afonso Reis Cabral é uma insignificância.