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Quem já experimentou limpar um rabo e um fato de banho (e umas havaianas e umas pernas e umas mãos e a tampa da sanita) empastelados em cocó num balneário de piscina, abafado, mal enjorcado, molhado ponha o dedo no ar. Eu, hoje. O fato de banho foi para o lixo. O filho esteve prestes.
- Porque é que o Vasco desenha ovos estrelados no sítio das orelhas dele e do pai?
- Cala-te, António..
- Mãe, vou fazer um desenho para agradecer à F o presente que nos deu.
- Boa. Vasco, queres fazer também um desenho para a F?
- Quero, quero!
(fazem os desenhos, muito compenetrados)
- Mãe, diz-me as letras de ''F, és muito querida'' para eu escrever.
Eu disse, ele escreveu.
- Mãe, agora vou escrever ''amo-te, F''
- Mas, Vasco, isso é capaz de ser um bocadinho despropositado, queres mesmo?
- (irritado) Quero, quero, eu adoro a F!
- (António) Mas tu já não a vês desde bebé, lembras-te dela?
- Não. Mas quero escrever ''amo-te, F''.
OK.
- Mãããe, não tenho sono!
- Dorme.
- Mãe, tenho fome.
- Impossível, comeste duas torradas depois do jantar, dorme.
- Mãe, tenho sede.
- Paciência, dorme.
- Mãããe, a cidade dos Beatles chama-se LiverpÓl?
- Sim, dorme.
- Mããããe, tenho saudades do Kiko.
- Amanhã telefonas-lhe, dorme.
- Mãããe, nunca andei de submarino.
- NÃO, não, não, não, nem penses.
(já me vejo a consultar sites das forças armadas à procura de possibilidades para visitar submarinos)
Hoje o Vasquinho trouxe um amigo da escola para brincar. Não foi a primeira vez mas, nas outras ocasiões, a coisa envolveu também os irmãos dos amigos que também são amigos do mano mais velho por isso hoje acabou-a por ser, sim, uma espécie de primeira vez. E foi tão giro. O António não estava em casa e, sem a sombra do seu adorado irmão crescido, o Vasco desabrocha. Até a maneira de falar estava diferente, fazia uma espécie de voz grossa e falava mais depressa, a fazer-se grande, a mostrar o nosso carro "gigantesco" (uma banal carrinha Megane, sendo o carro dos pais do amigo um jipe que parece um xaimite), "a nossa despensa", "a casa de banho grande", "o quarto dos meus pais", quando o pequenito queria era chegar ao quarto deles e aos brinquedos. Brincaram imenso com carrinhos e legos, fizemos tendas, comeram Pintarolas, viram Panteras Cor de Rosa, fizeram xixi sozinhos e ambos se viraram para o lado durante a operação, dando duas valentes regadeiras ao chão.
Adoro quando os meus filhos trazem amigos cá a casa, francamente. Acho uma coisa linda de morrer vê-los a apresentar as suas coisas e a nossa minúscula casa como se fossem a melhor coisa do mundo. Que assim seja durante muito tempo.
Corre o risco de se transformar no assunto mais referido deste blog, este par de primas. Mas é impossível não ficar a pensar nelas depois de estarmos juntos algum tempo, que foi o que aconteceu ontem à noite. Depois de múltiplos e insistentes pedidos dos meus filhos, vieram cá dormir pela 2ª vez desde que regressámos de férias. A mim parece-me um bocado incrível que a meninas de 9-quase-10 anos entusiasme a perspectiva de passar a tarde/noite com dois primos minorcas que não as deixam em paz nem um segundo mas a verdade é que elas parecem satisfeitas. Vieram ontem depois do 2º treino diário de canoagem e jantámos todos juntos. O António tinha encomendado massa à bolonhesa (imaginação na alimentação não é o forte deles) que o meu preparou amorosamente. Tivemos de arrastar a mesa da sala para cabermos todos e foi uma animação de jantar. Comeram, comeram, comeram e deixaram os adultos perplexos. Até o António e o Vasco que, não comendo mal, não comem muito, pareciam ter um rombo na barriga. Enquanto jogávamos ao ''vejo, vejo. o que vês?'' perdidos de riso porque o Vasquinho mandava para o ar com grande convicção ''guardanapo!'', ''porta!'', ''prato!'' quando a letra era o C, lá traçaram um belo jantar rematado com um brinde ao novo ano lectivo em que os copos chocalharam até eu tremer. No fim, um grande ''palmas à cozinheira'' dedicado ao pai.
A seguir ao jantar, um teatro, pois claro. Grande histeria enquanto eu e o pai éramos banidos para o nosso quarto para a trupe ensaiar. Pela casa toda. E nós, tão chateados, a ler deitados na cama. O teatrinho foi muito interessante, envolveu canto e dança, como sempre, mas estava a ficar tarde e o Vasquinho já está a ir para a escola (e as meninas tinham canoagem outra vez, esta manhã). Lavar dentes, vestir pijamas e mais um bocadinho para o sofá ver Panteras Cor de Rosa. Aí tivemos o momento dramático da noite quando o António começou a chorar porque as primas não voltavam cá a casa antes da escola começar. Pois não, mas podem vir logo no fim de semana seguinte, diziam elas, mas ele numa tristeza que até fazia pena. Depois lá se conformou e foi o primeiro a adormecer, seguido das meninas e sendo o Vasco o último como sempre. Já todos estavam ferrados e ainda se ouvia a voz dele a sussurrar ''gémea, gémea, eu adoro-te'' seguido de ''e adoro-te a ti também'', não fosse a mana ficar sentida. Elas adormeceram perdidas de riso com as intervenções dele.
Hoje de manhã foi tudo a marchar levar o Vasco à escola, que ia orgulhosíssimo, depois de um pequeno-almoço muito bem disposto, e a seguir cada um à sua vida. Clara e Joana para o rio Douro remar, António ao médico com a mãe e depois para a casa da avó.
E assim se vão queimando os últimos cartuchos deste verão que só o foi enquanto estivemos a sul do Porto. Aqui, valha-me Deus, não se sai da cepa torta do mau tempo, irrra!
[uma pergunta] Há algum truque para evitar que as crianças cheguem da praia com duas tonelada de areia enfiadas no rabo? As idas à praia de Matosinhos ao fim da tarde custam-me meia hora de gatas a limpar a areia da banheira.