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Desde que começou a falar que o meu filho mais velho se expressa muito bem, no princípio oralmente, mais tarde também por escrito.
Uma cena recorrente quando ele era pequenino era ter pessoas a dizer ''tão giro, parece um homenzinho'' - coisa que muito me angustiava porque quem é que acha que é bom uma criança de 3 anos parecer um homenzinho? - e, às vezes, ''fala tão bem, vai ser advogado'' e eu a pensar ''fogo, espero bem que não e que arranje melhor uso para as capacidades que tem!''.
Não que tenha alguma coisa contra a profissão, evidentemente, mas tive sempre a sensação de que uma grande parte do papel dos advogados é pôr a esperteza, a manhã e as capacidades retóricas ao serviço da causa que estiverem a defender, sem se ralarem com a sua justeza.
Ontem, a ver o Prós e Contras, voltei a sentir o mesmo. Achei o programa lamentável, com intervenções miseráveis e demagógicas de todos os participantes, moderação nula da apresentadora que deixou aquilo transformar-se numa capoeira sem norte nem fio condutor mas o meu desapontamento maior foi a deputada Isabel Moreira.
É uma figura que acho muito estimável, super articulada no discurso e no raciocínio, lutadora por causas com que me identifico profundamente - como a que se devia ter discutido ontem, o acesso de todas as mulheres a métodos de procriação medicamente assistida - e que ontem não foi mais que uma advogada manhosa e demagoga, a discursar com certeza absoluta sobre assuntos em só gente insana pode ter certezas absolutas, parecia uma banha-da-cobra. Pior, lembrou-me outra coisa que já ouvi sobre o António e que me arrepiou os pêlos dos braços:
''Parece o Paulo Portas a falar''.
Ora vejam um bocado do programa e ajuízem. A verdade é que, a avaliar pelas intervenções e pela incapacidade para o diálogo, não reconheço a nenhum dos intervenientes gabarito para fazerem parte do processo de decisão em causa, independentemente da bondade das suas intenções.
Fogo, que programa rasteirinho.