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No fim-de-semana o pessoal de Lisboa subiu à cidade para a festa dos 80 anos de uma tia. Mal nos encontrámos na festa, o meu sobrinho Francisco, aka Capitão, veio soprar-me ao ouvido ''posso ir dormir à vossa casa?'' (como se alguma vez tivessemos estado a contar que ele dormisse noutro lado) e a partir daí foi um corropio de sussurros de sobrinho e filhos aos meus ouvidos a perguntar a mesma coisa a que eu já tinha respondido mil vezes, não sei o que lhes deu. Já não os podia ouvir nem aguentar os perdigotos nas orelhas.
Para grande pena dos três, chegámos a casa tão tarde que já não deu para fazer festa do pijama nem para ver um filme, foi só fazer a cama no colchão e pôr tudo a dormir.
Acordei no domingo com o som dos sussurros deles para os encontrar todos no andar de cima do beliche a afiar lápis (sim) para escreverem a peça de teatro que queriam levar à cena durante a manhã. Assim, embora tendo adormecido todos à 1h da manhã, por volta das 11h já tinham escrito e representado a sua peça - em que o meu sobrinho, sempre tão autoconsciente e com medo do ridículo*, tinha a seguinte fala: ''olá, eu sou a Cláudia!'' -, visto o Divertidamente com ''o sofá virado''** e tomado o pequeno-almoço nele sentados em vez de à mesa e preparado as peças a concurso para o certame de ''Expressões Artísticas'' que se organiza sempre que o Francisco vai lá dormir. O concurso costuma ser de Lego mas, como desta vez não havia vontade de fazer Lego por parte de alguns, alargámos o âmbito da coisa e tivemos a concurso uma casa de Lego, uma banda desenhada e um texto livre. Depois de muita deliberação, o júri (eu e o maridaço) deliberou que a elevada qualidade das peças a concurso o obrigava a decretar um empate, ao som de exclamações de ''ela diz sempre isto!'' ou ''deem lá o trash-pack do prémio!''. Demos uma coisa tirada do armário das tralhas, aka ''armário das surpresas'' que é uma prateleira do quarto de arrumos onde acumulo brindes e coisas assim e, surpreedentemente, a minha advertência de que se alguém o abre, o armário fica vazio porque tudo o que lá está se evapora, é levada a sério e nunca nenhum puto o abre.
Não foi fácil pôr tudo a mexer para o almoço em casa dos avós, não foi não.
* o sensor de ridículo do meu sobrinho deve estar sem pilhas uma vez que passou grande parte da festa da tia com um gorro absurdo encimado por um pompom enfiado na cabeça para disfarçar o corte de cabelo algo radical que a mãe lhe fez numa última tentativa desesperada de erradicar os piolhos lá de casa.
**o ''sofá virado'' é uma instituição lá em casa, posta em prática quando queremos sentar-nos todos a ver alguma coisa na televisão, dado que na posição habitual, o dito sofá está virado para a janela.