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Pedi emprestados à Ita, a nossa tia mais velha, um volume dos quatro que ela nos lia, a mim, à minha irmã e aos nossos primos, quando éramos pequeninos. Pequeninos mesmo pequeninos, lembro-me de ela me ler aquelas histórias quando eu ainda não andava na escola primária e passava temporadas a cargo dela durante o verão. Achei que os meus filhos, que adoram quando rebusco coisas do antigamente para lhes contar - todos gostam, não? - iriam delirar com as histórias, contos tradicionais portugueses (compilados pelo José Gomes Ferreira e ilustrados pela Maria Keil) que nos encantavam há quase quarenta anos.
Trouxe o livro para casa, preparei-me para escolher uma história para a noite e ... foi um embaraço. Não há história que se aproveite para contar aos putos: em quase todas o marido dá uma coça na mulher, mata a mulher, casca-lhe por ela não lhe fazer o jantar. Cenas violentas, mesmo. Na maior parte, a coisa termina com a mulher toda negra ou afogada pelo homem, nas melhorzinhas a mulher aprende a lição e passa a de calona a fada do lar. A história que aqui reproduzo é muito suave mas escolhi-a por me lembrar perfeitamente de a ouvir em pequenita. Sempre entrecortada porque a Ita adormecia várias vezes enquanto nos contava as histórias.