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Em série de televisão:
Não é mais uma série de polícias e ladrões envolvendo os bons (a CIA) e os maus (a Al-Qaeda).
Aqui, o terrorista é um marine que foi prisioneiro de um chefão da Al-Qaeda no Iraque, se converteu ao islamismo e é resgatado e acolhido de volta a casa como herói de guerra mas vem de lá uma pessoa tão diferente que lhe é impossível reintegrar-se na vida familiar e profissional que tinha. Acho o simbolismo do fuzileiro que se converte e se torna terrorista, um espanto.
A agente da CIA que desconfia dele é uma avariada, doente do foro psiquiátrico, que despreza os limites éticos da profissão e abre caminho ao murro, chuto e ao pontapé para impedir que se concretizem os planos dos terroristas. Apaixona-se pelo terrorista. Eu já sabia que a Claire Danes era uma actriz de mão cheia, aos meus olhos este papel é a consagração absoluta.
Depois há o vice-presidente dos Estados Unidos, de carácter ainda mais duvidoso que o terrorista chefe, o chefe da CIA que está de conluio com ele, a filha do marine que é uma personagem espectacular, o agente da CIA bonzinho que safa sempre a protagonista mas que é um tipo muito esquisito, uma data de personagens que gravitam à volta dos protagonistas e são todas boas.
É uma série sobre o tempo em que vivemos, sobre como a realidade está sempre um passo à frente dos nossos sonhos mais delirantes, sobre a complexidade de toda a gente, sobre a podridão dos meandros da política, sobre o que move uma pessoa a ser capaz de cometer um atentado, é mesmo muito, muito boa.
Os momentos finais do 1º episódio da 2ª série, que muito adequadamente se chama ''The Smile'', são antológicos. O episódio 5 da 2ª série, também.
Até me custa dizer isto mas sou capaz de gostar ainda mais do que desta. Só me lembro de dois momentos de duas outras séries que me despertaram o mesmo entusiasmo: os últimos 5 minutos do último episódio de Sete Palmos de Terra, tão crus que nem consigo revê-los, e um certo episódio de uma das séries preferidas do meu marido.