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Não dá para a acreditar no acontecimento que hoje ameaçou a segurança do meu pai! Observem que este relato traduz bem o “sem rei nem roque” em que vai este país.
Passo a explicar: desde há largos anos que se nos habituámos a um peculiar fenómeno social a que se chama “Arrumadores”. Sim, com maiúscula (!), porque se arrogaram de uma espécie de estatuto corporativo. Essa cambada de párias esmolantes lá tem os seus códigos, o seu salário, as suas comissões, o seu posto de trabalho, a que só falta o relógio de ponto. Uns verdadeiros assalariados a quem tememos que nos risquem a pintura do carro. Esse sempre foi o medo dominante, tão somente. Mas pasmam-se agora! Porque, estes animais também agridem e esmurram.
Pois é! Foi o que aconteceu hoje ao meu querido pai, ainda dentro do carro, perto do Corte Inglês. Levou dois violentos murros nas ventas e ficou imediatamente transformado num caboz. Mas, como tenho um pai mui valente, foi vê-lo lançar-se para fora do carro e protagonizar uma épica cena de pugilato no meio chão, ao bom estilo Stallone.
Nem um polícia... Apenas uma legião de taxistas que tentava separá-los, enquanto a minha mãe, coitada, ameaçava chamar o 112, não sem antes ter interpelado o troglodita “oiça lá qual é sua profissão?!!!! O sr é dono disto p’racaso?” (pelo amor à camisola que esta gente tem, ele dir-lhe-ia que “sim” obviamente).
Ah mas o meu pai chegou-lhe! Mesmo de ventas reviradas do avesso, lá lhe afivelou umas biqueiradas! “My hero”! Por fim lá se pisgou, o animal. Nunca mais ninguém o viu.
Nesta história bizarra, o que me aflige é pensar se não tivesse sido um duplo murro nos olhos, mas antes uma naifada mesmo à chunga, com graves e irremediáveis consequências?
Não posso deixar de me rir do caricato de toda a cena, mas preocupa-se esta complacência por um lado, e esta impunidade, por outro; esta convicção de que não vale a pena dar parte à Policia de quem só receberíamos uma bateria de burocracias para cumprir. Preocupa-me que a nossa sociedade continue neste processo procriação de inúteis que, infelizmente, serão cada vez mais…à solta e inimputáveis, como se vê.
Mas, graças a Deus, o meu pai está ótimo e vai amanhã para a caça com o grande tio Luis. Será que tem olho para a espingarda?