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O meu filho mais velho está a ter um 5º ano glorioso. Passou de uma pequenina escola do 1º ciclo com 180 alunos para uma média, com mais ou menos 1000.
Com ele foram sete ou oito amigos da primária, dois para a mesma turma. Têm sido um apoio espectacular uns para os outros, passam muito tempo juntos mas também já fizeram amizades entre os miúdos do resto da turma. Tiveram uma sorte brutal com os professores que lhes calharam - a minha impressão é que não há um que não seja bom - e adoram especialmente as aulas de Português (yay!) e de Inglês. Matemática, nem tanto, o que me entristece um bocadito.
O professor de Português é um senhor muito simpático cujas aulas os cativam imensamente porque trata as crianças de igual para igual, recorre muito à tecnologia e transfere para os alunos imensa responsabilidade. Coisas que os fazem sentir importantes, como marcar trabalhos de casa à 6ª para discutirem na 6ª seguinte, mandá-los fazer apresentações orais das quais a primeira foi ''Fala sobre ti'', dar-lhes liberdade para gerirem as leituras - 1 livro da biblioteca + 1 livro de casa em cada período, seguidos de preenchimento de ficha de leitura - repartir a avaliação em muitos, muitos momentos para além dos testes, os miúdos adoram.
A professora de Inglês é a directora de turma, uma senhora com figura e estilo de top model de 50 anos, que até poderia ser confundida com uma dondoca, não fora o facto de ser muito, muito simpática e, como diz o António, muito alegre. Gosta tanto daquilo que pede para fazer fichas de Inglês em casa ''como recompensa'' por ter ajudado a levantar a mesa (sim). A chegada do 5ºB à escola começou em grande, logo no dia da apresentação e de todos os nervosismos, porque foram acolhidos por esta senhora que os conduziu na visita guiada da praxe - todos os directores de turma do 5º ano fizeram o mesmo - distinguindo-se dos outros pela boa disposição com que ia explicando as coisas aos pequenitos. E é incrível como todos pareciam pequenitos, nesse dia.
A professora de Inglês ganhou de vez o coração do António na 3ª ou 4ª semana de aulas. Ele andava a sentir-se acossado por um grupo de miúdas mais velhas que lhe bloqueavam a passagem nas escadas e outras graças inofensivas mas que o deixavam aflito porque era em todos os intervalos e não encontrou outra saída: foi pedir ajuda à directora de turma. E a senhora disse, muito indignada:
''Com os meus alunos ninguém se mete, nem que seja preciso eu tirar um sapato e ir lá dar-lhes com ele no rabo!''
Não foi mas o António sentiu-se consolado e apoiado. Uns dias depois, as miúdas fartaram-se e foram chatear outro pequenito qualquer. Nós ficámos maravilhados com a imagem da Professora, do alto do seu metro e oitenta, com o traje sempre impecável, a sacar do stiletto para dar com ele no cú das adolescentes parvas, perdoem a redundância. É de grande Professora! Isso e a característica que o meu pequeno mais vezes refere quando fala das aulas de Inglês: é muito alegre. Se o António aprende ou não muito Inglês, é uma preocupação de 2ª linha. Mas sim, aprende e com grande prazer. Ficou babadérrimo porque no 1º teste a professora lhe pôs um carimbo que dizia ''proud of you'' e o mandou - e a outros, certamente, descobrir em casa o que queria dizer. O miúdo até corou de satisfação quando percebeu.
Viva, viva a escola pública, pelo menos a que nos tem calhado.