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As crianças é que sabem

por titi, em 19.04.17

No domingo publiquei um post no facebook em que pedia ajuda:

Amigos, preciso de ajuda: uma ideia para uma aventura com 4 rapazes, amanhã. Onde os hei-de levar? Assim uma coisa mesmo mesmo electrizante..

Ia passar o dia com os meus dois filhos, o sobrinho Francisco e um amiguinho do Vasco, o João. As sugestões dos meus simpáticos amigos vieram mas deixaram-me admirada porque a maioria sugeria idas a parques de diversões e não era nada disso que eu pretendia.

OK, o post do facebook não era nada explícito sobre isso mas o que eu queria eram ideias de coisas emocionantes inventadas por nós, não era pagar para outros criarem aventuras para eles. Queria ideias do tipo:

  • ir fazer um percurso definido por mim na baixa do Porto e, em equipas de 2, responder às perguntas de uma lista que eu lhes daria
  • ir de autocarro até à biblioteca,  escolher um livro, fazer um desenho sobre ele e explicá-lo aos outros
  • escrever uma folha com anedotas, fazer cópias e oferecê-las a pessoas que encontrássemos no Parque da Cidade

Sei lá, coisas assim. Fiquei super desconsolada com as sugestões que recebi, parque de diversões X, pavilhão Y,...

É isso que os adultos acham que as crianças acham empolgante?

E o que acabámos nós por fazer?

Bem, a verdade verdadinha é que nenhum quis saber de sair de casa, uma lição para mim que achava que ia ser eu a sugerir-lhes cenas super divertidas para fazerem. Altas aventuras com jedis e stormtroopers e naves, jornal do Clube dos Pinguins (para quem nos acompanha há mais tempo: sim, ainda dura), à tarde concurso de atirar paus no Parque da Cidade, ao fim do dia ... cinema.

Foi um diazaço, três quartos do qual passados nos nossos 100m2. Passo a vida irritada com a falta de espaço lá de casa mas reconcilio-me com ela quando a vejo imensa e cheia de possibilidades nos olhos das crianças. Sempre a aprender, é o que é.

 

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Mnham Mnham

por titi, em 19.04.17

O meu amigo S. chegou ontem do Brasil (e do Uruguai) e hoje jantamos juntos. Traz muita coisa para contar, desde já sobre os reencontros com os amigos que lá deixou no fim de um ano em que viveu e trabalhou em Salvador. Estou muito contente por o rever, claro, mas não estou menos contente com a perspectiva de pegar das coisas que lhe encomendei.

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folha.png

É, foi só isto, uma pobreza, mas não podia abusar da bagagem do rapaz, que ainda por cima é dado à compra de objectos de decoração volumosos.

 

 

 

 

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Let the kids speak

por titi, em 18.04.17

Hoje cacei os meus filhos e o meu sobrinho Francisco e pedi-lhes um depoimento para a rubrica final do meu podcast preferido, a parte final em que são passados testemunhos de crianças que dizem qual é o seu livro favorito.

O António escolheu este, o Vasco, nada supreendentemente, escolheu este, e o Francisco seleccionou este.

Os dois mais crescidos, António e Francisco, sairam-se valentemente a gravar em inglês, do Vasco fiz a tradução.

Sentiram-se muito importantes. Vamos ver quando passam as vozes deles no podcast.

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Crismada ou talvez não

por titi, em 14.04.17

Uma história que já contei quinhentas vezes mas que é um garantido sucesso quando é preciso pôr os mais velhinhos da família a rir, é a do meu crisma:

Fiz o crisma na Sé de Lisboa, em mil novecentos e troca o passo, pela mão do Cardeal Patriarca D. António Ribeiro, que já morreu. Eu e mais uma multidão de miúdas do colégio em que andávamos e cujas freiras estavam muito excitadas com a iminência da cerimónia. A meio da missa pusemo-nos em fila (compridíssima) e chegávamos à vez ao pé do Cardeal, que nos fazia uma cruz na testa e diia umas palavras.

Quando chegou a minha vez, fez a dita cruz e disse:

- Eu te crismo, Maria da Conceição.

E eu, que não me chamo Maria da Conceição, fiquei até hoje sem saber se sou crismada ou não.

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Vasquinho, Vasquinho

por titi, em 11.04.17

Enquanto escrevo, ouço ao fundo o incessante fchhhh, fffccchhhhhh das batalhas de sabres de luz que o Vasco passou a tarde a disputar com o seu grande amigo João.

Hoje o Vasco foi almoçar com a avó e apareceu-me em casa com uma toalha de banho beje e podre de velha aos ombros: era a capa de Obi Wan que ele me andava a pedir há uma data de tempo e que a minha sogra improvisou, para grande felicidade dele. Depois do almoço fomos ao Continente e ao Lidl (podia comprar tudo no mesmo supermercado, não era?), sempre com a toalha velha aos ombros. Acho que limpou o chão dos dois supermercados com grande eficiência.

Será que alguém conhecido nos viu? O aspecto dele era do mais desgraçado que há. A juntar ao facto de andar muitas vezes de fato de treino e de o de hoje estar particularmente sujo. Sempre que temos alguma combinação de programa fora de casa, festa de anos, passeio, ida a casa de amigos, o Vasco decide se quer ir ou não em função de poder ou não ir de calças de fato de treino.

Durante imenso tempo, fui intransigente. Não me apeteceia circular com um filho maltrapilho de um lado para o outro. Depois, uma amiga fez-me ver a luz: porque não? Porque é que o Vasco não há-de ter uma palavra a dizer sobre a roupa com que gosta de andar, independentemente de ser pequenino ou crescido?

Fizemos um acordo, expliquei-lhe a lista das ocasiões em que teria de usar umas calças bem apessoadas e prometi-lhe que no dia-a-dia seria ele a escolher a roupa que queria vestir. Comprei algumas calças de fato de treino com bom ar, que quase se confundem com calcitas não de fato de treino. Compro-lhe calças sem botão no cós, só elástico. Não o obrigo a usar pólos. No Verão anda invariavelmente com calções de algodão e elástico na cintura. E nunca mais tivemos birras sobre roupa, birras que eu geralmente ganhava mas sempre com uma vaga sensação de estar a fazer prevalecer o meu ponto de vista sem ser justa. Não que eu ache que a relação entre pais e filhos deva ser de igual para igual, nem pensar. Mas que há muitos momentos em que a vontade dos miúdos deve ser respeitada, ou pelo menos ouvido, isso sim.

Quando hoje olhei para o meu filho na pastelaria e vi isto, deu-me muita vontade de rir.

obi.jpg

 

 

 

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Porque devemos ler alto às crianças

por titi, em 06.04.17

Sou uma chata com este assunto do ler alto às crianças. Talvez não neste blog - onde, por sinal, me tenho desmazelado - mas no outro blog em que escrevo as pessoas já não me devem poder ouvir com esta descoberta mais ou menos recente, nada trivial mesmo que pareça, de ler alto aos meus filhos pelo menos uma vez por dia. Amo. Não passo sem. Eles também não.

O que é giro é que este hábito, que actualmente faz parte da rotina da noite, às vezes do pequeno-almoço, e de outros momento do dia em que se proporciona, foi adquirido na sequência de um momento bastante difícil para mim: um dia, quando o Vasco tinha para aí 5 anos, apercebi-me de que eu, que quando o António era bebé, sabia de cor uma data de livros de tantas vezes lhos ler, não tinha memória da última vez que tinha contado uma história ao mais pequenino. Quando me apercebi disto, tive vontade de chorar.

Os meses que se seguiram ao nascimento do Vasco form muito difíceis lá em casa, por variadas razões. O facto de ele só ter começado a dormir uma noite seguida depois de fazer 6 anos não foi o mais insignificante deles. Quando penso nisso retrospectivamente, acho que se calhar até passei pela tal da depressão, que se pode manifestar de muitas maneiras, não é?

Enfim, a preocupação com a sobrevivência sobrepôs-se a tudo o resto e assim o meu querido filho chegou quase aos 6 anos sem a menor intimidade com os livros e a leitura. Juro que o momento em que tomei essa consciência foi um threshold, como se diz em estatística, uma fronteira que separou o antes de um depois que jurei que iria ser completamente diferente.

Passei uns dias a remoer o meu desgosto e lembrei-me mais uma vez do sábio conselho que a minha muito querida amiga Samicas (em tempos distinta colaboradora deste blog) me deu quando tive o primeiro filho: o segredo é fazeres com ele coisas que também te dão prazer a ti. Parece trivial? Sabedoria de alto nível.

Vai daí, em vez de ler ao Vasquinho um livrito para bebés que, na maioria, nunca me encheram as medidas (com muitas excepções, claro, por exemplo esta), comecei a ler-lhes o primeiro volume das Gémeas, um dos meus primeiros amores que muito me apetecia revisitar. Resplandeceram. Em três meses tinhamos lido a colecção toda. E a seguir a essa vieram outras, outras e outras. Não se passa um dia sem leitura em voz alta. Quando estou fora de casa, leio via skype ou deixo um capítulo gravado ou é o António que lê via skype. Há livros pequenos que gravo e mando por whatsapp a primos e amigos pequenitos. A intimidade do Vasco com os livros passou de inexistente para gigante (a do António sempre foi grande), com ele que ainda não sabe ler, acontecem em alguns dias três ou quatro momentos de leitura a pedido dele. Dada a exiguidade do espaço para mais livros na nossa casa, deixámos de comprar: somos todos leitores inscritos na Biblioteca Municipal Almeida Garrett e vamos lá uma vez por mês buscar uma braçada - neste momento temos dezasseis livros em casa - de livros para o mês. Todos adoramos ir lá. As empregadas são umas pérolas, uma delas, a Dr.ª Adelaide devia ser condecorada por serviços prestados à Cultura: sai de trás do balcão para dar um beijo aos miúdos e conversar um bocadinho, dá conselhos, conta coisas. Tem uma postura e um aspecto que me lembram sempre uma espécie de madrinha da Cinderela e o Vasco conhece-a porque passa na escola dele a cada duas semanas a bordo do bibliocarro, ele próprio uma instituição. É um autocarro adaptado a biblioteca itinerante pela Câmara do Porto, que leva lá dentro a Dr.ª Adelaide e um motorista, o Sr. Ilídio, que também é uma pessoa que trabalha com amor.

OK, perdi-me na minha própria torrente (acontece-me muitas vezes nas aulas), eu ia só postar aqui um vídeo. Adiante. Nesta momento estamos a ler com todo o interesse esta colecção (de que para dizer a verdade já estou um pouco farta mas o que fazer? Eles adoram ''a gargalhada rouca do Orlando'').

Tinha planeado o Tom Sawyer para as férias mas o António vai passar uma semana fora e não é muito prático, acho que fica para quando as férias acabarem. Em vez disso, vou ler ao Vasco este livro, recém-chegado da biblioteca e que é a cara dele e menos do irmão. Irmão esse que anda interessadíssimo nesta colecção e a lê a bom ritmo.

Amo - é mesmo amor - assistir ao espanto dos meus filhos quando vêm o seu reflexo numa personagem ou a sua perplexidade diante de um comportamento que não compreendem.

Tenho 300% de certeza de que este hábito dará frutos, ainda que não saiba de que natureza e tenho muitos planos para o fazer evoluir. Por agora, sei apenas que nos faz muito felizes.

 

Subscrevo tudo o que é dito no vídeo abaixo. E com esta me vou.

 

 

 

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