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Foi por volta de 1996 ou 1997, tinha eu 26 ou 27 anos e foi mais do que merecido. Na altura, dava explicações de Matemática a muitos alunos de várias faculdades de Lisboa. Adorava dar essas explicações que durante vários anos foram o meu trabalho e um trabalho bem rentável, financeiramente e na satisfação que me davam. Conheci montes de gente - foram mesmo tantos que não consigo recordar todos - e houve muitos que me deixaram gratas recordações. O primeiro foi o G., uma amor de rapaz que aindava para aí no 7º ano quando começámos, estando eu nos primeiros anos do curso. Na primeira lição falámos já não sei de quê mas lembro-me que quando ele foi para casa e a mãe lhe perguntou se já sabia fazer contas de dividir, ele respondeu ''não, ela também não sabia!''. Era verdade mas não impediu que ali nascesse uma simpática relação professora-aluno que durou imenso tempo e da qual nasceram outras e outras e outras. O aluno que me ficou como o mais simpático de todos era o F., que bem gostava de reencontrar. Não teve muitas explicações mas como andavam por lá vários primos e a namorada dele, mantivemos o contacto durante algum tempo. Estava muito pouco interessado na matéria, só queria safar-se, e ficou a achar que eu fazia milagres quando teve teste de Álgebra Linear logo a seguir à primeira explicação e conseguiu ter 10. Porque era espero e realmente apanhou tudo o que se disse na explicação, porque a disciplina era fácil e porque o teste tinha sido especialmente fácil. E, claro, 10 era uma nota da treta mas a ambição dele, no início, não era grande. Era uma rapaz amoroso que acabou por mudar de curso e tirar Arquitectura Paisagista e que nas férias andava em barcos ao largo dos Açores a contar golfinhos.
Onde é que eu ia? Ah, o estalo.
Durante dois semestres dei aulas a dois amigos que também adorava. Um, já conhecia, o outro era amigo do primeiro. Eram dois rapazes impecáveis, que me faziam rir até à exaustão de tão cómicos que eram. Eram alunos muito capazes mas as disciplinas em causa eram bem difíceis e passava metade do tempo da aula a tentar lembrá-los de que ali o tempo era o dinheiro deles e para se calarem e andarmos para a frente. Quando fizeram a últma disciplina ficaram tão contentes - e eu também - que me convidaram para jantar e eu, claro, aceitei com muito prazer. Se não me engano, fomos ao Alcântara-Mar e a seguir ao (defunto?) Plateau. O máximo. Não me lembro do que fizemos a seguir mas como a noite acabou sei muito bem. Desaguámos no Cinearte quase de manhã e tivemos a enorme sorte de lá estar o Jorge Palma, num estado muito pouco recomendável, a cantar para os amigos. Quase a cair da cadeira (ele, não eu), nunca mais o vi a cantar tão bem.
Para acabar, cheguei a casa às 8h da manhã e fui recebida pelo meu pai, ainda vestido, que ainda antes de dizer fosse o que fosse, me pregou o maior estaladão na cara de que há memória. Eu tinha saído às oito da noite, dizendo que ia jantar com dois alunos, e só voltei a aparecer em casa na manhã seguinte sem dizer água vai nem ir a uma cabine telefonar (ainda não havia telemóveis, está bem?). Os meus pais estavam doidos de preocupação e iam começar a telefonar para os hospitais.
Abençoado estalo, devia ter dado muito mais. Oh, doce estupidez da juventude.
Lembro-me desta história de cada vez que vejo o Jorge Palma na televisão ou quando o vejo ao vivo, que é o que vai acontecer na próxima 3ª feira.
Uns têm natação, outras têm catequese e dança. Mais uma festa de anos, um jantar aqui, um almoço acolá, é esquisito constatar que a disponibilidade dos adultos para marcar um encontro* é maior que a da miudagem.
Foge, no meu tempo não era assim!
* Isto sou eu a acreditar que quando o efeito do Brufen passar vou continuar a conseguir manter-me de pé.
Raios que me percorrem o corpo, de baixo para cima.
Dores de garganta.
Tosse seca enervante e indomável.
Dores em músculos que não sabia que tinha.
Tenho tantos planos para o fim de semana..
Gripe, não, por favor.
Nãão!
Cena #1 (mãe e filho a sós)
- Vasco, o Carnaval está quase aí, de que é que gostavas de te mascarar?
- Polvo.
- OK, vou ver o que conseguimos fazer. Mas, para o caso de ser difícil fazer uma roupa de polvo, há alguma outra coisa de que gostasses? Outro bicho, uma profissão?
- Não, não, é mesmo polvo que eu quero, não há mais nada de que eu goste.
Cena #2 (mãe e os dois filhos)
- Meninos, vamos então acertar de vez as máscaras que gostavam de ter no Carnaval. O Vasco já disse que quer ser um polvo. E tu, António?
- (António ou Soldado)) Pinguim.
- OK, deve ser fácil. Fica combinado, Vasco, polvo e António, pinguim, certo?
- (António) Sim, sim!
- (Vasco ou Rico) Nããão, eu quero ser um pinguim, era isso que eu queria, não quero nada ser um polvo...
- (Mãe) Recorre aos princípios do mindfulness que tem andado a descobrir e consegue não dar um chuto no rabo do menino.
(Nota: eles viram várias vezes o filme dos Pinguins de Madagáscar, daí o forte ataque de polvite e pinguinite que os tem assolado.
Parece que não fui a única a ficar impressionada:
publicado por Maria do Rosário Pedreira
Infelizmente, não vai ser para mim, vou estar ocupada com andanças intelectualmente mais elevadas. Vai ser uma tarde jornalístico-literária, com reunião da redacção do jornal ''Trovão'', constituída pelos meus filhos e alguns primos, que vão reunir na cave da Avó Lelé (podia ser na sala mas a cave dá um ar mais bas-fond) e no fim apresentar o famigerado e há muito prometido nº 2 do pasquim. Pelo caminho, irão entrevistar a Ita, a pessoa mais velha da família, que está muito entusiasmada com a ideia. A intensiva tarde de trabalho é rematada com jantar patrocinado pelas mães mecenas. Com tamanho frenesim cultural, perder a sessão com o Pedro Mexia e o Afonso Reis Cabral é uma insignificância.