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Cá por casa decidimos que tinha chegado a altura de o António ter a possibilidade de algum sossego para fazer os seus trabalhos de casa e estudos diversos sem ter de gramar com o irmão a cantar e a arrastar cadeiras ao lado, desconfio que um pouco por despeito por ainda não ter sido objecto de tal - ter trabalhos de casa. Recuperámos uma das nossas secretárias do tempo pré-filho/casa com escritório, que está impecável e é super sóbria e jazia no sótão há uns bons anos (desde que foi forçada a ceder o lugar ao muda-fraldas). Rearrumámos a brinquedagem do quarto (ó, que satisfação me deu reduzir a metade a quantidade de carrinhos, ambulâncias, aviões e camiões que estes gajos tinham!), as coisas mais infantis foram para os fundos e assim se criou um recanto bastante acolhedor para o nosso rapazito fazer as suas coisas de crescido com tranquilidade. A inauguração oficial da secretária deu-se ontem, num momento não completamente destituído de alguma comoção. Minha e do pai a pensar que vamos poder abancar-nos nela de vez em quando (não ter espaço para escritório é a maior desvantagem destes 100m2), do António e do Vasco porque ... bem, porque para eles tudo é uma emoção. Mudar uma lâmpada, arrumar uma prateleira, ajudar a partir ovos, despejar a farinha do bolo na taça, é tudo espectacular, é tudo um acontecimento. Ponderámos em conjunto os objectos a pôr-lhe em cima - confessou desejar muito ter um bloco de post-its -, escolhemos o candeeeiro que a iluminará, afiámos os lápis, deitámos fora canetas gastas e, por fim, deu-me vontade de um retoque final para tornar o cantinho amorosamente cosy e pus uma mantinha de polar nas costas da cadeira para aconchegar o pequeno na sua devoção ao trabalho escolar. A recepção foi péssima:
Uma manta?! Isso não, não é nada próprio para uma secretária de estudante!
Pimba!
Depois, a prima Gabriela veio cá jantar pela primeira vez. Tem 5 anos e é um espectáculo. Vinhamos a conversar no carro e ela concluiu que somos muito parecidas porque ambas gostamos muito de chocolates mas as nossas mães não nos deixam comer todos os que queremos. Chegada cá a casa, de surpresa para os primos, foi acolhida com grande alegria. O Vasco, como sempre faz, deu-lhe a mão, foi mostrar-lhe a casa e eu ia ouvindo:
Aqui é a nossa casa de banho pequena.
Aqui é o arrumo.
Este é o meu quarto.
Esta é a mesa de trabalho do meu irmão.
Mesa de trabalho? Ninguém lhe tinha chamado assim, mas o chavalito apanhou bem o espírito da coisa. Claro que a Gabriela não ligou peva à mesa. A visita dela foi uma alegria em crescendo, com os primos a acharem-lhe cada vez mais graça e tendo o auge sido atingido no momento em que ela deu um pu à mesa, tendo com isso conquistado a eterna admiração dos meus filhos. Combinámos que voltaria a vir cá jantar brevemente mas a fasquia está tão alta que nem imagino que dotes a miúda poderá exibir da próxima vez para ganhar ainda mais consideração destes primos.