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Se for roubar qualquer coisa à mesa de cabeceira do lado - por exemplo, este calhamaço - sou capaz de me aguentar até ao Natal. Será?
Tenho lido algumas coisas sobre o assunto e acabei ontem um livro interessante de onde, pese embora o tom um bocado à Khalil Gibran - que li há quase 30 anos e muito me marcou - e quase, quase a descambar para a auto-ajuda bacoca*, extraí várias frases que me fizeram pensar. Vou pôr aqui uma por dia e no fim mostro o livro. Entretanto, vou encomendar mais 3 ou 4 exemplares para oferecer no Natal a amigos escolhidos a dedo.
* Por exempo, esta de ''if they behave irresponsably, merely point out the consequences to themselves and others'' é um bocado lunática, para mim é evidente que há acções que não podem ficar sem consequências para lá das advertências, mas que há aqui alguma coisa para eu aprender, ai isso há.
Esta frase é uma maravilha:
Don’t bother obsessing about what you think you’re doing wrong. You won’t screw up your kids in the ways you expect; you’ll do it in ways you hadn’t even considered. No amount of hyper-parenting can change that.
Li aqui.
É com tanto gosto, tanto, tanto gosto que nos juntamos outra vez aos Anjinhos de Natal...
Este ano, vamos à caça de um carro telecomandado (se não me engano, um dos nossos amigos do ano passado pedia o mesmo), além do fato de treino da praxe. E este ano, pela primeira vez, o António e o Vasco contribuem com uma parte da sua recente mesada (iniciativa da minha mãe que dá mensalmente a cada neto 1€ por cada ano de vida dele).
Quem se anima a fazer o mesmo?
Ri-me tanto, tanto! Esta jornalista deve conhecer-nos, a mim e aos meus, de algum lado...
As pessoas sem filhos anseiam por sexta-feira. As pessoas com filhos temem-na.
As pessoas sem filhos têm cartões de cinema ilimitado. As pessoas com filhos têm cartão IKEA family.
Para relaxar as pessoas sem filhos vão para o ginásio. As pessoas com filhos vão para o trabalho.
As pessoas sem filhos escolhem o restaurante em função do menu, do preço, do chef, da decoração ou da localização. As pessoas com filhos entram no primeiro restaurante que tenha cadeiras para crianças.
Ao sábado à noite, as pessoas sem filhos vão jantar fora, ao cinema e a um bar. As pessoas com filhos vão à cozinha aquecer restos no microondas, vêem meio episódio de uma sitcom e adormecem no sofá.
As pessoas sem filhos comem cereais, torradas, sumo de laranja e café ao pequeno-almoço. As pessoas com filhos também, mas metade disso vai parar à roupa, à carpete e aos cortinados.
As pessoas sem filhos sentam-se no sofá a ler um livro e a beber um chá. As pessoas com filhos sentam-se na sanita e fecham a porta da casa de banho à chave para terem 5 minutinhos de relax.
As pessoas sem filhos vão ao supermercado, fazem compras e regressam a casa. As pessoas com filhos vão ao supermercado, perseguem-nos até à charcutaria, arrancam-lhes coisas das mãos, tremem quando eles enfiam pelo corredor dos vinhos, negoceiam, chantageiam e regressam a casa percebendo que afinal se esqueceram “da porra das fraldas”.
As pessoas sem filhos vão domir. As pessoas com filhos vão fazer óó.
As pessoas sem filhos acordam com o despertador. As pessoas com filhos gostariam de acordar com o despertador.
As pessoas sem filhos vão a esplanadas e ao cabeleireiro. As pessoas com filhos vão a parques infantis e ao pediatra.
As pessoas sem filhos não sabem quem é a Xana Toc Toc. As pessoas com filhos preferiam não saber quem é a Xana Toc Toc.
As pessoas sem filhos comem sobremesas. As pessoas com filhos escondem-se na cozinha e comem dois quadrados de chocolate para cima do lava-louças. Quando apanhadas em flagrante, as pessoas com filhos dizem que é medicamento e emborcam meio copo de água para validar a farsa.
As pessoas sem filhos viajam com uma mochila. As pessoas com filhos têm esgotamentos nervosos diante de malas.
As pessoas sem filhos praguejam como estivadores. As pessoas com filhos começam a usar termos como “diacho”, “bolas” e “caneco” quando esfacelam o dedão contra o pé do sofá.
As pessoas sem filhos vêem thrillers, dramas, biopics… As pessoas com filhos vêem o Pocoyo.
As pessoas sem filhos mudam de camisa se esta tiver uma nódoa. As pessoas com filhos só mudam a camisa se ela estiver vomitada.
Hoje o Vasquinho trouxe um amigo da escola para brincar. Não foi a primeira vez mas, nas outras ocasiões, a coisa envolveu também os irmãos dos amigos que também são amigos do mano mais velho por isso hoje acabou-a por ser, sim, uma espécie de primeira vez. E foi tão giro. O António não estava em casa e, sem a sombra do seu adorado irmão crescido, o Vasco desabrocha. Até a maneira de falar estava diferente, fazia uma espécie de voz grossa e falava mais depressa, a fazer-se grande, a mostrar o nosso carro "gigantesco" (uma banal carrinha Megane, sendo o carro dos pais do amigo um jipe que parece um xaimite), "a nossa despensa", "a casa de banho grande", "o quarto dos meus pais", quando o pequenito queria era chegar ao quarto deles e aos brinquedos. Brincaram imenso com carrinhos e legos, fizemos tendas, comeram Pintarolas, viram Panteras Cor de Rosa, fizeram xixi sozinhos e ambos se viraram para o lado durante a operação, dando duas valentes regadeiras ao chão.
Adoro quando os meus filhos trazem amigos cá a casa, francamente. Acho uma coisa linda de morrer vê-los a apresentar as suas coisas e a nossa minúscula casa como se fossem a melhor coisa do mundo. Que assim seja durante muito tempo.