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Esta sensação ruim de que vão acontecer coisas más.E o tempo, raispartam, não ajuda nada.
Há 12 anos e alguns meses, escrevia eu isto. Nem imaginava o que aí vinha.
Amigos e família:
Eis-me em Díli depois de uma viagem tão maluca que cheguei cá para lá do limiar do cansaço e completamente eléctrica. Ah, e sem malas!
Fiz a viagem toda com um colega que conhecia muito mal (mas que conheço cada vez melhor porque moro com ele), o Z que se revelou uma óptima companhia.
Porto-Londres passou num ápice, as 4h e tal em Heathrow também (descobri net de borla e desatei logo a mandar mails, como alguns viram), Londres-Singapura só não foi um inferno porque tomei comprimidos para o enjoo que fazem sono e dormi o tempo todo para desespero do Z que não pregou olho e queria conversar, nas 5h em Singapura já me sentia meia vegetal e já nem de ler era capaz, andámos a passear pelo aeroporto, Singapura-Darwin foi sem história (4h30m).
A chegada a Darwin (às 4 da manhã) foi alucinante porque os australianos são ainda mais paranóicos que os americanos com a perspectiva de lhes levarem pragas agrícolas para o país. Quiseram ver se eu tinha terra na sola dos ténis, esmiuçaram as malas do Z e só não fizeram o mesmo com as minhas porque elas não estavam lá. Eu bem tinha ouvido chamarem freneticamente ao microfone por uma tal Ms. P mas não associei, só quando uma mocinha que me via desconsolada a olhar para o tapete rolante já vazio me abordou e muito delicadamente me explicou que a minha bagagem não tinha saído de Londres mas que não me preocupasse que estava perfeitamente localizada, é que caí em mim e me senti uma desgraçada.
Por acaso até acabou por dar muito jeito as duas pesadérrimas malas não terem chegado: tinha roupa interior e uma T-Shirt comigo (levo sempre nas viagens) e a Air Qantas deu-me algum dinheiro para eu comprar aquilo de que necessitasse que era nada.
Fiquei 24h (das 4 da manhã até às 5 da manhã seguintes) num hotel bom em Darwin (o tédio em forma de cidade) com o Z e lá encontrámos mais 3 colegas que já tinham chegado. Deu para dormir até às 4 da tarde, ver a cidade e jantar num sítio que devia ser o auge da animação local. Saí para Díli às 5 da manhã, só eu porque os outros quatro tinham sido postos num voo que saía só às 11:30.
Gostei de chegar cá sózinha.
Um conto que começa nestes termos só pode ser grande. E, duas páginas depois, esta passagem:
Uma pessoa pensa que já vai sendo difícil ser surpreendida e (felizmente) acontecem-lhe coisas como esta.