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#1
Os meus pais moram no mesmo prédio há mais de quarenta anos. São oito casas onde todos se conhecem desde os idos anos 70, quando foram para lá morar, ainda jovens casais com filhos pequenos. São bons amigos, nas ocasiões de festa, na doença, nas relações de vizinhança, os filhos, os netos. Aliás, quando vamos a Lisboa, o meu marido surpreendia-se com o tempo que habitualmente demoramos entre a porta de casa e a entrada no carro porque é raríssima a vez em que não nos cruzamos com alguém que temos imenso prazer em rever.
Há duas semanas, a meio da noite, o senhor do 2ºdto, uns anitos mais novo que os meus pais, morreu. Sem doença conhecida, sem sinais de alarme, foi-se.
#2
Na reunião de ontem com a Professora do António a mãe de um colega de turma interrogava a Professora sobre o ânimo e o estado de espírito do miúdo nos últimos tempos. Está a ser submetida a tratamentos a um cancro da mama que a arrasam e a fazem ficar longe dos filhos (um com 7 anos, outro com 3, como eu) durante uma parte da semana.
Espero que esta sensação de que a nossa família se vai esquivando por entre os pingos da chuva perdure por muito mais tempo. Feliz é quem acredita que há um desígnio a comandar o fluxo dos acontecimentos.
Depois do projecto iPad, concretizado em quatro meses de moedas na garrafa, e da viagem a Londres, parcialmente levada a cabo com mais seis meses de acumulação, estavamos a precisar de um objectivo novo para o dinheiro que vamos juntando na garrafa (que entretanto sofreu um upgrade para mealheiro daqueles que contam o dinheiro). No fim de semana estivemos em casa dos primos a jogar Wii e adorámos. Achámos aquilo uma grande curtição e muito divertido para umas gargalhadas em família, nada a ver com os jogos de computador em que ficam todos de cabeça enfiada no monitor a dar aos dedos.
Vai daí, chegámos a casa e vimos a luz. Já têm destino as nossas moedinhas de 1 e 2 euros:
Jantes de liga leve, tecto de abrir, ABS, televisões nos bancos de trás (bem, davam jeito), motor de 150 cavalos, caixa automática, consumo não sei quê, travões, bancos, volante, acelerador, embraiagem, quero lá saber dessas mariquices. Tem entrada USB? É perfeito para mim.
* É confrangedora a escassez da minha imaginação para tudo em geral, para inventar títulos para posts em particular.
Carro novo, rádio melhorado, graaande problema:
Como continuar a enfiar aos meus filhos a patranha de que nesta (soberba) canção o Caetano diz ''a Bossa Nova é fora''?!
Também fiquei com muita pena, quando há bocado olhei para a capa do Público. Era cavaquista até à náusea mas uma pessoa superiormente inteligente e, como diz a Maria do Rosário Pedreira no post, um intelectual à maneira do antigamente (num bom sentido). Fará falta.
E agora fiquei a considerar seriamente substituir o livro que encomendei para o querido afilhado que ontem fez a 1ª comunhão por estoutro:
O plano inicial era oferecer-lhe este, que achei super-adequado para presente de comunhão:
O da revista Sábado da semana passada, com uma reportagem lindíssima, sóbria e bem escrita, sobre a vida do casal Sophia de Mello Breyner / Francisco Sousa Tavares. Diferente de todos os textos estafados e sempre iguais que fui lendo ao longo dos anos, com pormenores que desconhecia, adorei.
É que descobri uma maneira alternativa de me motivar e não desistir das corridas que não fica nada atrás dos meus muito prezados programas Yupiirun: levar isto nos headphones.
Rio-me tanto, tanto enquanto corro que parar não é uma opção porque estou sempre ávida de ouvir mais uma e mais outra. A sério, acho que era de considerar contratar este senhor e alternar a voz (muito útil) da Joana das gravações com rábulas da autoria dele. Era fogo no rabo para os runners!
fico rendida ao talento da irmã Cristina. Fogo, ou as instituições e as mentalidades evoluiram muito desde que eu e quase todas as outras ''''''autoras'''''' deste blog andámos juntas num colégio de freiras ou, há trinta anos, um cenário destes era impossível acontecer.
Na verdade, se calhar a generalidade das freiras do nosso colégio não era tão limitada como me ficou gravado na memória e nós é que éramos demasiado imaturas para apreciar a sua tremenda abertura de espírito e a amplidão dos horizontes que nos abriram. Seria isso?
De qualquer maneira, apesar da manifesta pobreza intelectual de muitas, tivemos o privilégio de contactar com professoras (só mulheres, logo um mau princípio) espantosas e com duas ou três freiras com mentalidades arejadas cujas lições perduraram na minha cabeça.
Kika, Samicas, Festarola, lembram-se de a Irmã Francisca nos ter apanhado a treinar o pino e em correrias selvagens na capela à hora do almoço e nos ter contado a história de uma criança que queria pôr os seus dons ao serviço de Deus e, como a única coisa em que se achava bom era na ginástica, fazia exercício na igreja? Para quem teria ficado radiante por ter criado um caso e levado com uma descompostura e um castigo (que teria elevado grandemente o nosso estatuto aos olhos da turma), foi uma bela chapada de luva branca. Lembram-se?
http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-armazem-das-oportunidades-1632385
http://www.publico.pt/multimedia/video/galpao-alunos-20140419-164504
http://www.aplauso.art.br/