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Na semana passada, o António irrompeu pelo meu quarto, olhou em volta e perguntou muito alto:
''Onde é que está o filho da puta?''
E eu, horrorizada, perguntei de volta ''O QUÊ?! O QUE É QUE DISSESTE?''
E ele, calmamente:
''Onde é que puseste aquele livro que tinhas na mesa de cabeceira?''
É, pus-me a jeito, o livro (por sinal super interessante) que ele procurava, entretanto transladado para a estante da sala, era:
Aquela vez em que, tendo eu oito ou nove anos, a minha mãe precisou de anotar uma receita que alguém lhe estava a ditar ao telefone e deitou a mão ao papel que estava mais a jeito, lá rabiscando ingredientes e instruções. Só que o papel em causa era uma página do meu exemplar de ''Os Cinco no Castelo da Bela-Vista'' que ficou, até aos nossos dias, com aquele prólogo gatafunhado. Nunca perdoei à minha mãezinha.
Associada a esta recordação, tenho outra(s)* que envolve livros dos ''Cinco'', a do verão em que emprestei vários exemplares da colecção ao meu primo Pedro que, por sua vez, achou por bem emprestá-los à empregada das nossas primas, sendo que algures no processo um ou dois livros se extraviaram. Fiz um alarido tal que o Pedro, possivelmente para me calar, disse imediatamente que me pagava livros novos para substituir os extraviados, o que eu naturalmente aceitei. Quando a minha mãe soube que o Pedro me tinha pago livros novos, ficou furiosa comigo e descompôs-me. Só muito mais tarde percebi a verdadeira razão da descompostura, na altura pareceu-me naturalíssimo que, se me tinham perdido livros que eu tinha emprestado, mos comprassem de novo. Aliás, ainda hoje me parece a coisa certa e acho que o Pedro, na altura, entendeu.
Se calhar é por estas reminiscências me terem ficado cravadas que hoje em dia odeio emprestar os meus livros. E também é muito raro pedir emprestados, para dizer a verdade. Sou esquisita.
Agora é o momento em que a Checa me cobra o exemplar do ''Liberdade'' do Jonathan Franzen que me emprestou há mil anos. Sossega, filha, jaz na minha mesa de cabeceira, já o comecei várias vezes e ainda tenho esperança de um dia gostar.
*São tantas que bem podia inaugurar aqui uma secção devotada ao tema
Mas o que é isto minha gente? Então parece que o Washington Post tem uma bomba prestes a sair, que o Sr. Presidente Obama foi apanhado enrolado com a sonsa da Beyoncé?
Ó homem, tu não me dês esta desilusão. Tu que sempre me pareceste tão íntegro e escrupuloso!
Não vás na cantiga desta megera, a Michelle é um melhor partido.