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Conversa no carro com o meu filho G., depois da escola:
- Então G., como correu o teste de português?
- Muito bem...
- Então e o que é que saiu?
- Não me lembro... (responde sempre assim quando lhe pergunto que assuntos falaram na aula)
- Como não te lembras? Foi há tão poucas horas... Que memória... Então também não te deves lembrar o que foi o pequeno-almoço hoje, que foi há mais horas...
- Isso é que lembro!
- Como é possível?
- Porque o pequeno-almoço é mais importante!
- Mais importante????? (escandalizada!)
- Claro! Comer é mais importante do que os testes... Não posso ficar sem comer... mas posso ficar sem testes... não acontece nada!
Lógico!
É um orgulho ter os filhos a jogar nos federados: ela a jogar volley e ele futebol, no campeonato regional e depois nacional.
As mães e pais lá vão todos os jogos (ou quase todos) torçer pelo filhos, fazer claque (isso só algumas mães..eu incluída), com musicas e tudo.
É muito giro!
Os fins-de-semana é que nao dão p/ nada, passam a correr.
Mas é uma alegria vê-los viver estes momentos com espírito de equipa e de amizade.
Não me lembro da minha escola entrar nestas coisas...tenho pena.
Depois de termos sido miseravelmente despojados do iPad cá de casa, resolvi plantar na cozinha esta garrafa para nela amealharmos as moedas de 1 e 2 euros que tivermos na carteira ao fim de cada dia. Tenho um amigo que, desta maneira, juntou rapidamente dinheiro suficiente para comprar um computador novo.
O meu propósito principal era, além de amealhar suavemente o dinheiro necessário para substituir o iPad roubado, que os miúdos sentissem que é preciso ser paciente e esperar até se adquirir um objecto cobiçado, que sentissem a importância do desejo e da espera pela sua satisfação, que jamais julgassem que a aquisição seja do que for é fácil, que é normal ter coisas, coisas, coisas, que é natural instantaneamente aparecer um iPad novo para substituir aquele que já não se tem.
Não contava é que as visitas (só as da família, vá lá) aquando da visita guiada que o A. a todos faz até à garrafa, se sentissem obrigadas a lá depositar uma ou mais moedinhas.
Não garanto é que quando a garrafa estiver cheia eu, na qualidade de rainha da família, não tome a iniciativa de desviar a verba acumulada para fazermos uma viagem os quatro. Fui eu que me lembre de juntar assim para um iPad mas uma viagenzinha a uma capital europeia parece-me um propósito tão mais nobre...
Revoltam-me* as pessoas indiferentes.
Não vão a manifestações, apesar de passarem a vida a reclamar do governo e de como andam a ser roubadas.
Não querem saber o que se passa noutros países, são realidades muito diferentes da nossa.
Não vão a funerais porque lhes faz muita impressão (haverá alguém que tire especial prazer em presenciar uma cerimónia destas?!).
Ficam to-tal-men-te indiferentes quando passam por algum pedinte e ainda são capazes de criticar por alguém se sensibilizar e contribuir com uma moeda (“aposto que vai já gastar em vinho”).
Não se envolvem em campanhas de solidariedade porque acham que o governo tem obrigação de resolver todos os problemas da sociedade (“então os impostos são para quê?”).
Não se dão, não se entregam, não se preocupam com nada além dos umbigos do seu núcleo mais chegado.
Terão noção da arbitrariedade da vida? De que tudo pode estar bem e num segundo…
* Indignam-me, desassossegam-me, perturbam-me, repugnam-me