De maneiras que é assim

A pedido da educadora do meu filho mais velho, esta manhã fui à sala dele ler este livro ao grupo. Teve piada o facto de ter recebido o email da educadora segundos depois de ter publicado o post em que falava do Zé Aranha e onde começava por comentar que sou uma desgraça a contar histórias. Como de ler um livro ainda sou capaz (de inventar histórias giras é que não) e todas as oportunidades para frequentar a escola do meu filho são uma curtição, disse logo que sim e pus-me a pensar em como tornar a leitura do livro divertida e apelativa para a miudagem. Não foi uma tarefa nada difícil porque o livro é espectacular e como tem em muitas páginas desafios para os leitores, lê-lo, por mais desimaginativa (salta o corrector ortográfico) que seja a performer, é sempre muito divertido.

O livro não tem propriamente uma história, tem cinco ou seis páginas-pergunta e a seguir a cada uma tem um par de páginas com as respostas. Por exemplo, a seguir à página ''O que há na mala da mãe?'', há uma data de desenhos legendados com os objectos que se encontram na mala da mãe do livro, dos mais óbvios (chaves, batom com a ponta esborrachada,..), aos mais improváveis e malucos (carrinhos nada improváveis para mães de rapazes pequenos, lenços ranhosos, brincos desirmanados). É mesmo muito divertido, interactivo e a puxar pela concentração dos leitores (há objectos que parecem pertencer a uma página e aparecem noutra).

Quando, depois de cem mil interrupções tão bem metidas como ''mãe do A., mãe do A., tenho uma bandelete nova!'', ''eu não gosto nada de aranhas'' ou ''hoje a minha mãe vem buscar-me depois do almoço'', lá consegui concluir a leitura do livro e propor-lhes a brincadeira que tinha planeado. Levei uma mala fictícia a fingir que era a minha de todos os dias, que recheei com os objectos mais disparatados que encontrei em casa e pedi a cada um que fechasse os olhos e tirasse uma coisa da mala para todos vermos se era um objecto que as mães habitualmente tivessem nas suas malas (com várias chamadas de atenção para o facto de normalmente não se poder mexer na mala da mãe,  só desta vez). Começámos, salta uma lata de salsichas. Gargalhadinhas. A estudante seguinte tira uma meia velha. Gargalhadinhas. Depois, uma chupeta. Gáudio geral. Uma fralda.  Risos e mais risos. E por aí fora. Foi uma manhã de trabalho parcialmente perdida mas inteiramente ganha em tudo o resto. Adorei a experiência, para mim inteiramente nova. Só foi pena que hoje ninguém tenha dado um pum.

Publicado este post, tenciono iniciar uma série a que vou chamar ''É proibido falar de filhos''. Prometi a mim própria escrever 10 posts seguidos em que o assunto ''filhos'' não meterá o bedelho. Vamos lá ver se consigo.