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Em que ela conta como a filha é parecida com ela, veio-me à lembrança uma das nossas primeiras aulas comuns de Educação Visual - no actual 5º ano - em que a tarefa era desenhar um círculo com o compasso, dividi-lo em três partes iguais e pintar cada uma delas com guaches com uma cor primária, azul, vermelho, amarelo.
O da Samicas ficou ... tão perfeito que até repugnava. O da Kika ficou muito bem. O meu, ah, o meu...
Posso dizer-vos que quando a aula acabou, olhei para a minha folha e ... comecei a chorar. O círculo e a divisão ficaram bem mas na pintura tudo borrado, tudo sujo, tudo fora das margens.
O giro é que, se mais tarde na vida me tivessem pedido para repetir a tarefa - nunca aconteceu, fónix - o resultado final teria sido sensivelmente o mesmo.
Aposto que a cena patética ficou gravada na memória das minhas amigas e o pior é que não foi a única que protagonizei. Lembro-me de, numa aula de inglês do 9º ano, ter começado a chorar quando, na discussão das notas do 1º período, a professora disse que eu não ia ter 5.
Desta tenho mesmo vergonha. Imaginem que a professora, que gostava de mim, ficou muito atrapalhada com a minha cretinice tristeza e tentou consolar-me dizendo que era só o 1º período, que eu andava muito desatenta mas ía passar, para não me preocupar. Devia era ter-me dado dois estalos. Uma das colegas, despachada, virou-se para mim, mandou-me dois berros e chamou-me ridícula. Tinha só 14 anos mas muito juízo.
Depois passou-me e, por razões académicas, só chorei mais uma vez. Por acaso, foi há menos de um ano.
* Não é impossível que esse 1º trabalho esteja enterrado num caixote na cave dos meus pais. Se algum dia der de caras com ele, ponho-o aqui para vosso gaúdio. Ou comiseração.