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Há uns tempos, o meu filho mais velho largou esta ''mãe, porque é que moramos numa casa tão pequena?'' * e deixou-me a pensar. Esta casa tem mais de 50 anos, 100m2, em formato T2+1. Tem um pátio pequeno e simpático onde os putos se divertem à brava no bom tempo. Os nossos amigos também. Comprei-a ainda sozinha, há 11 anos atrás. Mostrei-a ao meu primo P. - as coisas que ele disse diante dos ainda donos e que me levaram ao exaspero contarei noutra altura - e decidi logo comprá-la. A decoração era medonha mas o potencial para se tornar muito bonita era enorme. Depois de a desfazermos (já a dois) e a refazermos à nossa maneira ficou isso mesmo, muito, muito bonita. Moro nela desde 2004 e continuo a achá-la luminosa, bonita e com um cheiro bom a madeira antiga (menos quando é a sopa) sempre que cá entro. Era mais pipi quando os donos éramos nós, agora que o espaço é controlado pelos petizes, estou em constante desvantagem na luta para preservar alguns espaços livres de cangalhada. Mas todas as noites tento (estúpida, para quê?).
A zona é uma das minhas preferidas nesta cidade. Posso ir a pé para quase todos os sítios que me interessam. Para correr, não preciso de me meter no carro, é sair à rua, dar corda aos sapatos e estou nos sítios para onde outros vêm correr mas precisam do carro para chegar. Nas redondezas há sempre estrangeiros a circular e eu gosto disso. Tenho as esplanadas mai lindas perto (17 minutos a pé, 5 de carro), há autocarros, há serviços, há imensas escolas. Quando há nevoeiro, ouve-se um farol a apitar.
Trocar isto por 150m2 suburbanos? Não me parece. Às vezes, quando quero um canto para me fechar e não há ou quando dormem cá amigos e sofrem a indignidade de serem acomodados em colchões no chão da sala, fico pensativa. Adorava ter um escritório. Já tive, mas troquei-o pelos filhos. Temos em aberto a possibilidade de conquistar uns bons 60m2 ao sótão do prédio, um dia destes fazemos isso. Por agora, com a inércia e o receio de empatar as nossas parcas economias em tempos de tanta incerteza, mantemo-nos assim aconchegadinhos. E há sempre o salão da C. para espairecer.
* O diálogo continuou comigo a perguntar-lhe '' a sério, achas que a nossa casa é muito pequena?'' e ele ''pelo menos é a mais pequena que conheço.'' (e é mesmo!) ''mas então, de que é que sentes falta na nossa casa?'', ele, ''de um salão para festas como na casa da C.'' Suspirei de alívio porque tinha temido que o puto sentisse falta de um espaço maior para brincar ou coisa assim. Contei a cena à prima C. na presença do meu filho e ela, toda comovida, disponibilizou-lhe a casa em geral e o dito salão para ele fazer as festas que quisesse (na prática, já é isso que a família toda faz, desfrutar da grande casa dela como se sua fosse). Adiante. Dias depois, a educadora do petiz, que está a dinamizar a apresentação de um musical, o Annie, para a festa de Natal da escola, abordou-me para saber se sempre era para a produção se apresentar ''no salão da C.''. Quêêê?! O A., sempre muito literal na sua interpretação das coisas, foi para a escola disponibilizar o salão que lhe tinha sido disponibilizado, para o teatro ser apresentado. Não sei como é que ele descreveu as instalações que a educadora ficou a pensar que era o salão de uma sociedade recreativa ou uma coisa do género e ficou entusiasmada com a ideia de lá levar a peça. Felizmente, entrei em cena a tempo.
Contas:
Titi conhece Checa há 39 anos.
Titi conhece Kika há 36 anos.
Titi conhece Samicas e ChicaFestarola e Ferroviária e, de certo modo, Domenicana, há 32 anos.
Titi conhece Teira há 26 anos.
Balanço:
Tenho mais de 40 anos, que nojo!
Adoro presépios... e com a falta de espaço que existe nas nossas casas achei que os mini-presépios eram uma boa opção...
Agora até já penso fazer colecção!
Um é do Chile, um de Salvador, outro da Amazónia (não ficou na foto), outro de Poblet, outros de Fátima...
Nota: a qualidade das fotos é a possível pois a minha máquina avariou!