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Uma das coisas de que mais me lembro quando recordo o dia do meu casamento é um dos padrinhos a dizer do meu sobrinho de 1 ano: ''Que cómico! Deve ser para aí o miúdo mais patusco que já vi''. Fiquei muito orgulhosa. Um mês depois do casamento, nasceu o meu filho e, claro, a minha disponibilidade deixou de ser total. Mas é interessante perceber que o facto de ter filhos meus não alterou em nada, a importância da minha qualidade de tia e a vaidade e alegria em estar com o(s) sobrinho(s). É mais ou menos como ter uma data de filhos (ou dois) e achar que cada um é o mais espectacular. Podes ter oito filhos e doze sobrinhos e achar cada um o melhor do mundo. Aquela treta sobre o amor e a sua matemática que diz que o amor não divide, multiplica é mesmo verdade.
Há coisa de um ano, fui buscar o F. à escola de surpresa, sem ele saber que eu estava em Lisboa, como já tinha feito muitas vezes. Mas, desta vez ... quando espreitei pelo vidro do refeitório onde ele e os coleguinhas esperavam que os fossem buscar e ele me viu, em vez de vir a correr ter comigo a gritar ''titi!'' e ignorar as ordens das auxiliares que o mandavam esperar sentado, olhou, viu-me, fingiu que não, passados uns segundos atirou-se da cadeira para o chão, espolinhou-se um bocado, sentou-se outra vez e disse com ar de indiferença para a amiga do lado: ''É a minha tia.''
Oh, pobreza da minha escrita que não me permite transmitir a comicidade do momento. E quanto ele corresponde ao cromo que o meu sobrinho é!
Para encerrar esta série de posts sobre a minha experiência com a titizez, vou contar da primeira vez que o F. veio dormir a minha casa. F. (5 anos) e A. (4 anos) muito excitados porque o F. ía acampar (eles diziam ''campar'') no quarto deles. V. (1 ano), também eléctrico. Ao fim de muitos saltos nas camas, no saco-cama, pela casa, na minha cama, histórias contadas, perguntas respondidas, xixis feitos, dentes lavados, xixis feitos outra vez, A. adormece no meio da confusão (como sempre). Com muito mais dificuldade, ao fim de um bocado, V. adormece. O tempo passa, F., o guest of honor, de olho arregalado, na cama improvisada no chão. ''Titi, tenho sede''. Está aqui água, toma. ''Titi, tenho calor''. Pronto, já tirei o edredon. 1h da manhã. 2h da manhã. Eu cheia de medo que ele começasse a chorar com saudades dos pais. ''F., queres vir dormir para a cama dos adultos?'' Pode ser. ''Titi!'' ''Diz''. ''A cama do V. foi muito cara?''. E adormeceu logo a seguir.
Agora só tenho pena de que, com as voltas da e a diminuição da disponibilidade para andar Portugal acima, Portugal abaixo, o sobrinho pequenino não faça a menor ideia de quem eu sou.