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No dia em que ele nasceu, eu estava a 500 km. Como era um parto programado, contava ter tempo de terminar as obrigações desse dia, voar (numa camioneta que demorou 7h) para o hospital e estar lá no momento em que a família fosse autorizada a conhecer o minúsculo recém-chegado. Consegui, depois da viagem ligada à corrente, constantemente a trocar telefonemas com os que estavam no hospital a acompanhar o acontecimento. Pareceu-nos, como a todos os que acolhem um bebé desejado, a coisa mais bonita do mundo, enrodilhado, vermelhíssimo, com o queixinho para trás, bracinhos encolhidos e cruzados. Agora, quando vejo as fotos desse dia, já não acho que fosse assim tão bonito, desculpa lá, mãe, mas naquele momento era. Quando, já no quarto, o resto da família acompanhou o recém-pai, esverdeado e com ar de quem ía falecer ali a qualquer momento, ao Califa para comer alguma coisa (eram 9 da noite, o desgraçado não engolia nada desde as 7 ou 8 da manhã e desde aí a mulher dele recomenda a todas as mães-to-be que levem bolachas para a maternidade para o pai em quem nesse dia ninguém pensa mas que convém que se aguente de pé). Eu fiquei a velar a mãe recém-nascida. A enfermeira tinha deitado o bebé encaixado na dobra do braço dela e lá estava muito sossegadinho. Só que a dita começou a sentir o braço dormente, começou a ficar à rasca e eu tive a minha oportunidade: peguei no primeiro recém-recém-recém-nascido que também era meu para a mãe dele poder acomodar-se melhor na cama. Foi uma coisa que me bateu de tal maneira que nunca mais me passou e espero que a ele também não. Quando me diz que sou a pior titi do mundo ou ameaça espezinhar bebés, olho e em vez do marmanjo que já é, vejo aquele caganito, o badameco, aquele nada de Março de 2006.
Continuação: o tempo ía passando e não aparecia ninguém no quarto. A mãe começou a ficar apreensiva, eu também. Não será preciso dar-lhe leite? Os bebés precisam de beber leite. E mudar fralda, se calhar devia-se mudar-lhe a fralda, eles costumam precisar. Pois, não sei. Será que é normal estar a dormir tanto? Bem, mas essa parte já não é para este post.
Esta aconteceu com uma amiga que passa uma parte significativa do tempo numa cidade pequenina e afastada dos centros onde as decisões se tomam, dos cinemas, dos centros comerciais, dos espectáculos, das lojas giras (museus bons, por acaso tem) e ... do anonimato das cidades grandes. Vou contar, que ela deixou:
A amiga mora no centro histórico da dita cidade e, claro, por lá se desloca com muita regularidade. Os percursos que faz, ela e toda a gente por ali, são inevitavelmente sempre mais ou menos os mesmos quer vá para o trabalho, ao supermercado, jantar fora, à farmácia ou o que for, muitas vezes a pé. Um dia, resolveu experimentar um cabeleireiro novo e escolheu um, perto de casa, que fica no 2º andar de um prédio e tem uma janelona com vista lá do alto para a rua. Entrou e explicou à cabeleireira (que nunca tinha visto na vida) o que queria fazer. A fofinha respondeu:
''Realmente precisa, precisa, já tinha reparado que está a precisar. Que eu em roupas não reparo mas de cabelos não me escapa nada e já tinha visto esse redemoinho que tem no alto da cabeça''.
Tão querida!