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Confesso que não me importo nada de almoçar sozinha.
Uma das vantagens é ter disponibilidade para ouvir, ou melhor, cuscar as conversas dos outros. Adoro… são divorciadas a queixar-se dos ex-maridos, solteiros a gabarem-se das conquistas, adolescentes a desabafarem dos pais, mamãs a babarem-se com as gracinhas dos seus filhos (espertíssimos), namorados apaixonados com olhos melosos, colegas que não se sabem ouvir, casais amuados, há de tudo.
É melhor que ir ao teatro.
No primeiro de ano de vida dele, a minha disponibilidade era total. Ainda não tinha filhos meus e, mesmo não vivendo na mesma cidade, conseguia estar com eles montões de vezes. O enrodilhado cresceu e ficou uma coisinha linda (agora, quando vejo as fotos de há 5 anos e tal, confirmo que não era o embevecimento a cegar-nos, era mesmo lindo, lindo), sempre de sorriso afivelado, um gorducho de olhões azuis. Com uma peculiaridade: cada vez ficava mais parecido ... comigo! Muito mais do que com os pais, muito mais do que qualquer dos meus filhos. De tal maneira que, em algumas fotografias, é só mesmo o desgaste das mais antigas que permite distinguir um do outro. O meu sobrinho é i-gu-al a mim.
O momento desta fase que escolho para contar vai soar um bocado disparatado, aviso, mas, enfim, na memória não mandamos nós, nem no que nos fica como mais importante depois da poeira assentar. Houve um dia em que ele estava com falta de ar (nisso saiu à mãe e o meu filho mais velho à tia, rica herança) e os pais o levaram ao Hospital da Luz. Na altura aquilo era uma seca, esperava-se, esperava-se - acho que já não é assim - e, como ainda por cima, as cenas da falta de ar se tratam fazendo vapores e esperando para ver se se melhorou, nunca mais aquela família aparecia em casa ou dava notícias. Às tantas, eu e a nossa mãe resolvemos ir até lá, quanto mais não fosse para ficar um bocado na converseta e ajudar o tempo a passar. Fomos. Não sei se conhecem a urgência de pediatria do Hospital da Luz. Quando se abre a porta, tem-se à frente um corredor para o comprido que desemboca nas enfermarias onde as crianças ficam em pré-internamento (também já frequentei essa ala com um filho). Devem ser para aí uns 25 metros. E, quando entrámos vimos lá ao fundo, o sobrinho. Despido da cintura para baixo, só com fralda para ver se a febre baixava. Perninhas muito branquinhas, ao léu. Corrente com chucha pendurada na lapela. Quando nos viu disparou a correr da ponta do corredor, com as peninhas gordas a raspar uma na outra, ainda meio bambinho a correr - tinha pouco mais de 1 ano - e a gritar ''tiiiitiiiiiiiiiiiiiii''.
Foi mais ou menos por essa altura que, além de muitas outras coisas que já me chamaram, ser ''titi'' passou a ser uma componente importante da minha identidade. Num próximo post, vou contar da 1ª (e, felizmente, última) vez em que ele me chamou ''tia'' em vez de ''titi''.
No dia em que ele nasceu, eu estava a 500 km. Como era um parto programado, contava ter tempo de terminar as obrigações desse dia, voar (numa camioneta que demorou 7h) para o hospital e estar lá no momento em que a família fosse autorizada a conhecer o minúsculo recém-chegado. Consegui, depois da viagem ligada à corrente, constantemente a trocar telefonemas com os que estavam no hospital a acompanhar o acontecimento. Pareceu-nos, como a todos os que acolhem um bebé desejado, a coisa mais bonita do mundo, enrodilhado, vermelhíssimo, com o queixinho para trás, bracinhos encolhidos e cruzados. Agora, quando vejo as fotos desse dia, já não acho que fosse assim tão bonito, desculpa lá, mãe, mas naquele momento era. Quando, já no quarto, o resto da família acompanhou o recém-pai, esverdeado e com ar de quem ía falecer ali a qualquer momento, ao Califa para comer alguma coisa (eram 9 da noite, o desgraçado não engolia nada desde as 7 ou 8 da manhã e desde aí a mulher dele recomenda a todas as mães-to-be que levem bolachas para a maternidade para o pai em quem nesse dia ninguém pensa mas que convém que se aguente de pé). Eu fiquei a velar a mãe recém-nascida. A enfermeira tinha deitado o bebé encaixado na dobra do braço dela e lá estava muito sossegadinho. Só que a dita começou a sentir o braço dormente, começou a ficar à rasca e eu tive a minha oportunidade: peguei no primeiro recém-recém-recém-nascido que também era meu para a mãe dele poder acomodar-se melhor na cama. Foi uma coisa que me bateu de tal maneira que nunca mais me passou e espero que a ele também não. Quando me diz que sou a pior titi do mundo ou ameaça espezinhar bebés, olho e em vez do marmanjo que já é, vejo aquele caganito, o badameco, aquele nada de Março de 2006.
Continuação: o tempo ía passando e não aparecia ninguém no quarto. A mãe começou a ficar apreensiva, eu também. Não será preciso dar-lhe leite? Os bebés precisam de beber leite. E mudar fralda, se calhar devia-se mudar-lhe a fralda, eles costumam precisar. Pois, não sei. Será que é normal estar a dormir tanto? Bem, mas essa parte já não é para este post.
Esta aconteceu com uma amiga que passa uma parte significativa do tempo numa cidade pequenina e afastada dos centros onde as decisões se tomam, dos cinemas, dos centros comerciais, dos espectáculos, das lojas giras (museus bons, por acaso tem) e ... do anonimato das cidades grandes. Vou contar, que ela deixou:
A amiga mora no centro histórico da dita cidade e, claro, por lá se desloca com muita regularidade. Os percursos que faz, ela e toda a gente por ali, são inevitavelmente sempre mais ou menos os mesmos quer vá para o trabalho, ao supermercado, jantar fora, à farmácia ou o que for, muitas vezes a pé. Um dia, resolveu experimentar um cabeleireiro novo e escolheu um, perto de casa, que fica no 2º andar de um prédio e tem uma janelona com vista lá do alto para a rua. Entrou e explicou à cabeleireira (que nunca tinha visto na vida) o que queria fazer. A fofinha respondeu:
''Realmente precisa, precisa, já tinha reparado que está a precisar. Que eu em roupas não reparo mas de cabelos não me escapa nada e já tinha visto esse redemoinho que tem no alto da cabeça''.
Tão querida!
Então toma lá para a troca. Isto sim:
http://www.sigur-ros.co.uk/tour/2013/20130214-lisbon/
(qualquer dia escrevo um post sobre isto)
Finalmente!
http://vousair.com/cartaz/novidades/item/7898-brasileira-marisa-monte-regressa-a-portugal-em-2013
O meu filho mais velho anda encantado com o irmão de 5 meses (quase 6).
Do alto dos seus seis anos, diz que não tem ciúmes nenhuns, que o adora, que foi a melhor coisa que lhe aconteceu, aquelas bochechinhas, a boquinha, as coxinhas, tudo inho de tão querido que acha que o irmão é. Segundo ele, a maior compensação por um árduo dia de trabalho escolar é chegar a casa e ser brindado com um sorrisinho do irmão (aqui para nós, não é pedir muito tendo em conta que ele oferece sorrisos a qualquer pessoa, mesmo até a uma simples parede branca, coisa que não abona muito a seu favor).
Quando me perguntam como é que o irmão está a reagir com a chegada do bebé, eu respondo que está feliz, que não tem ciúmes nenhuns e por dentro suspiro de alívio por os meus receios se terem revelado infundados, afinal foram seis anos de completo monopólio.
E esta história poderia continuar assim cor-de-rosa, família feliz, envolta em corações e música de fundo, não fosse eu, na semana passada, deparar-me com uma cena que veio pôr tudo isto em causa. Estavam os dois sozinhos, o pequeno no ginásio a dar lambidelas na bonecada e o outro, a olhar para ele enquanto lhe perguntava com um ar algo sinistro e de pé no ar: “queres que te pise, queres?”.
Leiam aqui http://novomundoperfeito.blogspot.pt/2012/11/sobreviver.html
Adoro o Natal... Sempre adorei...
Adoro iniciar o mês de Dezembro e os preparativos...
Fazer listas: prendas, ementas, tarefas...
Ir às lojas, ver montras lindas, fazer compras, ver as decorações...
Fazer a árvore de Natal, montar os presépios (tenho vários), decorar a casa...
Fazer os cartões de Boas Festas (dantes sozinha, agora com os meus filhos)... Ir ao correio...
Festas de Natal nas escolas, nos escuteiros, no trabalho, circo, trocas de prendas, almoços com amigos, almoços com colegas, muitos aniversários... Agenda cheia!
Embrulhos todos feitos por mim, todos iguais e a condizer, em baixo da árvore...
Acender todos os dias uma velinha junto ao Menino Jesus... Ver as luzes da árvore a piscar à noite...
Calendário do Advento, cartas do Pai Natal...
Fazer bolos e bolachas de Natal... Centro de mesa...
Familia, familia, familia...
Jantar bacalhau, Missa do Galo (à qual não tenho ido), almoço...
Troca de prendas e Pai Natal...
Dias de férias...
Este ano, tudo me parece diferente... ainda não pensei em nada... falta-me energia...
O recibo do vencimento deste mês foi igual ao dos outros meses... Não há "extra"...
Tenho de inventar e ser criativa, muito criativa!
Sou consumista? Nem por isso... Mas é bom dar presentes...
Mesmo os presentes que sou eu a fazer requerem algum orçamento...
Acima de tudo, o que mudou tudo, foi ter ido embora uma pessoa muito especial...
Faz tanta falta... vai fazer tanta falta nesse dia, e no dia seguinte, e no outro...
Ele dava tanta alegria ao Natal... Era a "sua" festa...
É impossível este Natal ser igual ao dos anos anteriores!
Compramos máquinas para as nossas casas...
Numas casas há mais, noutras menos, máquinas grandes, outras mais pequenas, umas muito úteis, outras nem por isso...
Ligamos os botões e... pronto, já está! Tão fácil! Fazem parte do nosso dia-a-dia e nem o questionamos... até ao dia...
Até ao dia em que avariam!!! É isso que está a acontecer em minha casa e, como dizia a minha mãe, nunca é uma de cada vez...
A borracha do congelador...
A máquina da loiça que às vezes não acaba o programa...
O ferro que deixa de deitar vapor...
O aspirador que pára quando aquece...
E até aqui, tudo bem... Vamos contornando os problemas... e adiando o arranjo ou a substituição...
Até ao dia... em que avaria a máquina da roupa!!!! PÂNICO!!!! Foi o que me aconteceu há dias...
Nesse dia tinha acabado de preparar 5 máquinas de roupa para lavar (!!!!) quando me deparo com uma máquina cheia de roupa molhada e... suja! Desde aí, nada!
Como resolver o problema?
Os problemas das outras máquinas resolvi bem: lavei loiça, varri, passei sem vapor, limpei o gelo...
Lavar roupa???? Lençois? Calças de ganga? Esqueçam...
Contactei a marca e só amanhã podem dar o veredicto!
Depois do choque (ía estar 7 dias sem poder lavar roupa) tomei a decisão mais acertada: duas "sacas" para a sogra (que é uma querida) e três "sacas" para a mãe (que está sempre pronta a ajudar)... Assunto arrumado... por uns dias!
E se vos disser que já tenho mais três "montes" à espera??? Claro que lençois e toalhas se vão acumulando e não contam...
Este fim-de-semana comprei um ferro...
Será que para o próximo é uma máquina da roupa?