Durante anos, nas minhas não raras passagem pelos McDonald's, ignorei as caixas transparentes que em todos existem ao pé das caixas. Nos últimos meses, quando acompanhei pela net o percurso deste pequenito, re-transportei-me ao tempo em que nos calhou a nós precisar de recorrer a uma casa de acolhimento para pacientes com cancro e familiares. Foi nesta que ficámos hospedados
por recomendação do hiper-mega-extraordinário serviço de acompanhamento a pacientes estrangeiros do hospital em causa que também disponibilizou uma senhora que falava português - a Meme de Carvalho, se não me engano, casada com um português ou brasileiro - para nos acompanhar nas andanças que fossem necessárias. Ficámos siderados com a qualidade do alojamento, a única diferença entre a casa e alguns hotéis de 4* era o facto de todos os utentes serem responsáveis pela arrumação dos quartos e confecção das refeições. Na verdade não era bem como um hotel, porque tinha cozinha e sala de estar comuns, mas tinha uns quartos enormes, luminosos, confortáveis e arejados e, apesar do motivo comum que a todos ali levava, era um sítio muito tranquilo, que favorecia o descanso e era impecável para retemperar forças. Parece-me que é exactamente para isso que se constroem estas casas com a particularidade de acolherem famílias de pacientes que, numa inversão bestial (bestial de besta) da ordem natural das coisas, são crianças.
Nunca mais passei pela caixa de um McDonald's - e passo bastantes vezes - sem, com muito gosto, esvaziar a carteira de parte das moedas que lá tenha.